domingo, janeiro 30

Jatinho vira moda no Brasil e frota executiva cresce 76,2% em três anos


O mercado de aviação executiva do Brasil vive uma das melhores fases de todos os tempos. Só nos últimos três anos, o volume de aeronaves para uso privado vendidas no país cresceu 76,2%, conforme levantamento elaborado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O desempenho é fruto de uma soma de fatores e, ironicamente, o mais forte deles está ligado aos efeitos da crise mundial.

O motivo é que a maior parte dos jatos negociados por aqui vem dos Estados Unidos e da Europa, cujas economias estão na pindaíba, ao contrário do cenário de aquecimento nacional. Enquanto companhias e empresários dos chamados países desenvolvidos vendem o que podem para equacionar as dívidas, os brasileiros aproveitam para comprar aviões por preços até 40% abaixo da média histórica.

Cristina Monteiro, gerente da AviõesNet, empresa especializada em importação e exportação de aeronaves, revela que, só na segunda quinzena do mês passado, trouxe cinco aviões dos EUA. “Desde a crise, em 2008, os preços desabaram. Vi casos em que, mesmo depois de vender o jato, o executivo americano teve de desembolsar quantias significativas para quitar a dívida contraída junto ao banco”, revela.  


O consultor de negócios em aviação Ronaldo Cristino reforça as conclusões. “Não há dúvida de que a queda nos preços é consequência direta da crise. Os brasileiros estão aproveitando esta oportunidade. Há alguns anos, era impensável pechinchar qualquer quantia, mas hoje vemos ofertas absurdas”, afirma.

Cristino diz ter comprado jatos por até 40% abaixo do valor real da aeronave, graças aos efeitos da crise mundial. Os maiores descontos são obtidos na compra de aviões cujo proprietário não consegue mais honrar as prestações do financiamento contratado junto a um banco e precisa passar o bem adiante para se livrar da dívida.

Atualmente, o preço médio de uma aeronave executiva no mercado internacional é de US$ 400 mil para bimotores e turbo hélices, mas no caso dos jatos a quantia sobe para US$ 1 milhão. A valorização do real torna o negócio ainda mais atrativo ao investimento dos brasileiros, isso sem contar na farta oferta de crédito.

Fernando Justino, dono da Justino Aviões, calcula que a compra de aeronaves dos EUA e Europa por sua empresa cresceu cerca de 50% no ano passado, quando comparado ao período anterior à crise. “Em 2009, houve uma relativa estagnação nas vendas, devido às incertezas em relação ao futuro, mas no ano passado vivemos um verdadeiro boom, impulsionado pelos negócios com o exterior”, relata.

Cássio Polli, diretor da Aerie Aviação Executiva, observa que a redução drástica no preço das aeronaves desde a crise provocou um aumento do interesse por esse tipo de transporte. “Pode-se dizer que 95% dos compradores o fazem para os negócios. Quando os empresários perceberam que as parcelas do financiamento cabiam no bolso, formou-se uma nova demanda no país”, avalia.

Os especialistas, entretanto, têm pontos de vista distintos quanto às vantagens. Na avaliação de Cristina, os aviões dos EUA são um ótimo negócio, não só pelo preço, mas por serem produtos de tecnologia avançada. “Os americanos têm o hábito de cuidar bem das máquinas e apresentam toda a documentação de forma impecável. É possível conferir facilmente todo o histórico de uma aeronave desde a fabricação”, afirma.

Já as da Europa são mais complicadas. Segundo ela, a AviõesNet desistiu da compra de um jato em Londres porque a turbina não estava em bom funcionamento. Cristino, por sua vez, tem ressalvas em relação às compras de produtos estrangeiros. “É preciso muito cuidado. Aqui, a gente conhece quem fez a manutenção, lá não. Vi casos em que o comprador brasileiro gastou mais do que o valor do produto para arrumar todos os itens pendentes”, alerta.



Da redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

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