domingo, novembro 7

Mudança de hábitos alimentares evita a má digestão

Maus hábitos alimentares, como abusar de alimentos gordurosos e cafeína, estresse crônico e até mesmo consumo de antiácidos sem orientação médica são as principais causas de má digestão. A gastroenterologista Rita Iglezias, do Hospital Samaritano, ensina que adotar um estilo de vida saudável, o que inclui mudanças na dieta, comer na hora certa e praticar exercícios físicos, é o primeiro passo para evitar o problema. Ela alerta que a má digestão pode esconder outras doenças mais graves.

Quais são os sintomas da má digestão? E as principais causas?

RITA IGLEZIAS: Os sintomas da má digestão ou dispepsia são dor crônica ou desconforto na boca do estômago, náuseas, vômitos, azia, sensação de estômago cheio, saciedade precoce e arrotos frequentes. As causas incluem gastrite, úlceras, refluxo e câncer digestivo, como os tumores de estômago ou pâncreas. Determinados medicamentos também podem provocar má digestão, como o uso de alguns antibióticos, anti-inflamatórios não esteroides, ferro, nitrato, teofilina e antagonistas de cálcio.

Quais são as dicas para prevenir a má digestão?

RITA: A reeducação alimentar é fundamental. Mastigar com calma e adequadamente os alimentos, evitar o excesso de produtos gordurosos e não se deitar logo após uma refeição farta; modificar o estilo de vida, controlando o estresse, não fumar e não abusar de alimentos irritantes gástricos, como cafeína, frutas cítricas, álcool e condimentos são medidas que ajudam. Deve-se evitar também as bebidas gasosas em grande quantidade durante a refeição. Praticar atividades físicas regularmente evita a obesidade ou sobrepeso, o que é bom para prevenir a má digestão.

A má digestão pode estar associada a alguma doença mais grave?

RITA: Sim. Ela pode ser causada por um câncer digestivo. Portanto, qualquer manifestação dos sintomas já mencionados em pacientes acima de 45 anos, associado a algum sinal de alarme, como dificuldade para engolir, emagrecimento involuntário, anemia, sangramento, vômitos que não cessam, devem ser rapidamente investigados. O diagnóstico é feito através de história clínica, exames físico e complementares. A melhor avaliação para diagnosticar o tumor do tubo digestivo é o exame de endoscopia digestiva, com realização de biópsia. Ela é indolor e o aparelho em forma de tubo é introduzido pela boca do paciente passando pela faringe e pelo esôfago chegando ao estômago e ao duodeno, permitindo a visualização destas áreas.

O tratamento da má digestão depende da causa. De maneira geral, qual é o mais indicado?

RITA: Apesar da polêmica associação da presença da bactéria Helicobacter pylori com a má digestão, há consensos médicos que recomendam a sua erradicação, caso exista, para tratar a má digestão sem uma causa orgânica. Além disso, existem medicamentos que podem aliviar sintomas, como as drogas bloqueadoras de receptores H2, inibidores da bomba protônica, procinéticos e até mesmo ansiolíticos ou antidepressivos.

O uso de produtos naturais ajuda a prevenir ou tratar a má digestão? O uso de antiácidos de forma crônica é perigoso?

RITA: Não há evidência científica comprovando a eficácia de produtos naturais para prevenir ou tratar a má digestão. O uso de antiácidos de forma crônica pode até ser prejudicial, levando inclusive a problemas eletrolíticos, como a redução de fosfato e aumento do nível de cálcio no sangue.


Da Agência O Globo

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